segunda-feira, março 31, 2008

Recordação do militante operário e anarquista Arnaldo Simões Januário nos 70 anos depois da sua morte no Tarrafal


Texto e foto retirados do excelente blogue Almanaque Republicano, a quem devemos um palavra de agradecimento pela contribuição inigualável para o conhecimento da história de Portugal e que aproveitamos para também dar a conhecer aqui.






Arnaldo Simões Januário nasce em Coimbra a 6 de Junho de 1897. Barbeiro de profissão, militante operário e anarquista, morre no Campo da Morte do Tarrafal a 27 de Março de 1938 "vitimado por uma biliose anúrica sem qualquer assistência médica nem medicamentos, depois de vigorosos anos de combatividade e de sofrimento nos cárceres da ditadura e na deportação por diversas vezes" [in Perfil de Arnaldo Januário, revista Vértice, nº365-366, Junho-Julho, 1974]. A sua vida "é uma admirável lição de coragem e generosidade" [in CGT, Órgão Regional, 1947, ibid.].




Arnaldo Januário, de rara inteligência e acção, foi um propagandista e um organizador dos sindicatos e da luta operária, em Coimbra. Militante libertário da "União Anarquista Portuguesa", colaborou no jornal A Batalha, A Comuna, O Anarquismo, O Libertário e na revista Aurora [cf. Luís, Arnaldo Simões Januário]. É preso, pela primeira vez em 1927, na sequência da repressão que se abateu sobre o movimento operário depois do 28 de Maio de 1926. A partir dessa data e até 1931, diversas vezes foi privado da liberdade, passando pelas "cadeias do Governo Civil de Coimbra, Aljube, Trafaria, além de deportações em Angola, Açores e Cabo Verde, até ser internado no Campo de Concentração de Ué-Kussi ou Okussi em 22 de Outubro de 1931" [Vértice, ibid]. Em 1933 é posto em liberdade e regressa á sua cidade, Coimbra.




Não se deixando abater, física e ideologicamente, prossegue a sua campanha em prol do movimento operário e contra a ditadura. Não espanta, portanto, que apareça como um dos organizadores do movimento grevista e insurreccional de 18 de Janeiro de 1934, que na Marinha Grande e em Coimbra teve particular dureza repressiva. É referido [Id., ibid] que perante o "argumento do porrete" do PIDE Fernando Gouveia e seus esbirros, e em que a "maioria [dos grevistas] perdia os sentidos", tal a brutalidade e as torturas que lhes eram feitas, Arnaldo Januário, "num gesto nobre e altivo, declarou perante os seus carrascos que tomava inteira responsabilidade pela organização do Movimento Grevista que tinha por fim derrubar a ditadura". Tal facto determinou que apanhasse "tanta pancada que caiu sem sentidos em frente dos seus companheiros de cárcere, sendo ali, covardemente pisoteado pelos esbirros” [Id., ibid, aliás in Edgar Rodrigues, O Retrato da Ditadura Portuguesa]. É encarcerado no Aljube, depois vai para a Trafaria onde é julgado e condenado a 20 anos de prisão. Em Junho de 1934 é "enviado para o Forte de S. João Baptista, na Ilha Terceira". Aí, acusado de agitador juntamente com o também militante libertário Mário Castelhano, sofreu as piores ignomínias, em especial o ser enclausurado na célebre Paterna ("buraco aberto na rocha com 20 metros de profundidade e área de 5 metros quadrados, o tecto pingando agua dia e noite") durante 15 dias e 15 noites, sob o mando do esbirro Capitão Paz.




A 12 de Junho de 1937 é enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal, (fundado pelo Capitão Manuel Martins dos Reis e pelo médico Esmeraldo Pais Pratas) onde "definhavam e morriam um a um homens que anos atrás representavam a elite operária do país, sob o olhar indiferente do director João Silva e de Seixas [agente da PIDE]".




Arnaldo Simões Januário, "lutador incansável que a tudo resistira, destruído física que não ideologicamente, sucumbe, enfim, a 27 de Março de 1938, rodeado dos cuidados possíveis dos seus companheiros mas sem os carinhos da família onde avultavam cinco filhos menores” [Id., Ibid].




J.M.M.
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O espaço contra a autoridade

11-13 Abril 2008 – CasaViva (Porto) – Dias de Acção e Ocupação

A ideia de espaço público constitui – já desde a antiguidade clássica – a base da democracia enquanto prática quotidiana. Se, na antiga Grécia, esta nunca foi alargada à grande parte da população (mulheres, estrangeiros e escravos nomeadamente), actualmente a sua inexistência é inerente à própria condição cidadã. A democracia, de dinâmica passou a regime, e o espaço público – onde as grandes questões eram alvo de decisão por parte das pesssoas – foi destruído e “dividido” em fábricas e outros locais de trabalho, centros comerciais, clínicas psiquiátricas ou centros de dia. A vida passou a ser uma realidade espácio-temporal baseada na incessante satisfação de necessidades e não na reflexão, no debate, no livre pensamento, na possibilidade e responsabilidade de decidir sobre o que nos diz respeito.

A cidade é o palco por excelência deste processo de privatização social da vida – não de individualização –, em que a relação com o outro depende essencialmente de uma lógica instrumental. O contacto com o próximo é cada vez mais determinado pelo que queremos pedir, pelo que precisamos, pelo que temos que dar, pelo que está escrito no contrato de trabalho, pelo que é definido pelas regras de boa educação, pelo o que poderei vir a escrever no livro de reclamações. Não pela dupla vontade de exprimirmos a nossa individualidade e de recebermos a individualidade dos outros, um privilégio que, sendo sujeito a um processo de institucionalização temporal – depois das 6 da tarde, antes das 8 da manhã – deixou obviamente de o ser. E quando a normalidade se torna a definição oficial da mais profunda instabilidade – do emprego que não há, mas que se tem de ter, das contas que não param de aumentar, mas que se têm de pagar, de uma vida da qual não se gosta, mas tem que ser vivida – passa a ser não oficial o conflito, nas suas múltiplas formas.

A criação de linhas de fuga e de resistência passou e passa pela organização de novas esferas semi-públicas de discussão e convivência, que funcionem fora da lógica do estado e capital. Segundo Hakim Bey, surge a possibilidade de grupos de amigos isolados assumirem uma forma mais complexa: “núcleos de aliados mutuamente escolhidos, trabalhando (brincando) para ocupar cada vez mais tempo e espaço fora de todos os controlos e estruturas mediadas. Depois quererá transformar-se numa rede horizontal de semelhantes grupos autónomos – depois, numa “tendência” – depois, num “movimento” – e depois numa rede cinética de “zonas autónomas temporárias” [T.A.Z]”.

É com base na ideia de que “não há um metro quadrado da Terra sem polícias ou impostos…em teoria”, e de que é possível criar enclaves livres, “mini-sociedades que vivam resoluta e conscientemente fora do amplexo da lei”, que ocorrem, ao longo da década de noventa, ocupações de casas e tentativas de organização de centros sociais em Portugal. Apesar de ser um pouco redutor englobar todas estas experiências numa só tendência, podemos afirmar – em abstracto – que foram lugares propícios à espontaneidade e aos acasos da vida quotidiana, tendo possibilitado encontros com pessoas de fora, partilha de saberes, a oportunidade de fazer as coisas de uma outra maneira e, desde logo, equacionar modos de agir no mundo.

O aumento da repressão, aliado à crescente afirmação das cidades enquanto núcleos geradores de produtividade (e também a uma certa atitude de isolamento dogmático por parte de vários colectivos ocupas), determinou o fim de quase todos os centros sociais ocupados (a C.O.S.A vive!). Porém, este fenómeno é apenas um pequeno indício de um longo processo de transformação dos centros urbanos em centros de negócios. Casos como o do Mercado do Bolhão, no Porto, e do Grémio Lisbonense, em Lisboa tornam mais visível a tendência dominante para o desaparecimento de tudo o que destoa do modo de funcionamento empresarial. Mais do que nunca, e perante a multiplicidade de processos de objectivação do quotidiano – muitos dos quais com um pendor fortemente repressivo –, a criação de espaços libertados (e que queiram libertar) deverá constituir uma das principais estratégias orientadoras da luta anti-autoritária.

A 11, 12 e 13 de Abril, a CasaViva abre-se a todas as pessoas e colectivos que nela queiram viver por esses dias e partilhar perspectivas e acções relacionadas com a questão da ocupação, aproveitando os dias europeus de acção de apoio a squats e espaços autónomos lançados pela rede Squat.net.
http://april2008.squat
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Os temas serão: centros sociais, okupas e espaços libertados, o mau uso da terra e a sua propriedade, a apropriação de espaços públicos pelo mundo dos negócios através da privatização, da especulação e da publicidade. E tudo o mais que te lembrares até lá.

O desafio é o habitual. Traz ideias de acção (e tudo o que elas precisarem para serem levadas a efeito) e disponibilidade para participar nas acções pensadas por outras pessoas. Vem preparado para seres co-gestor(a) do espaço.

Aparece na sexta, para se combinarem e coordenarem as acções de sábado, batalha com as outras pessoas nesse dia e fica para o Domingo, onde esperamos ter tempo para conversar calmamente.

Durante esse tempo, haverá, decerto, café, cerveja, pequeno-almoço e jantar e, muito provavelmente, concertos, filmes e festa.

CasaViva
Praça Marquês de Pombal, 167
Porto
casaviva167@gmail.com
http://www.casa-viva.blogspot.com/
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domingo, março 09, 2008

Calendário de actividades no CCA

Calendário de actividades no Centro de Cultura Anarquista em Aljustrel:

goncalvescorreia.blogspot.com

1 (sábado) a partir das 17.00
Conversa com companheiros do Centro Social Okupado e Autogestionado Casas
Viejas (Sevilha)

Concerto Punk Rock ABANDALHADOS (Odemira) ENFRASCADOS (Cascais)


7 (sexta) a partir das 21.00

Lançamento da Revista BÍBLIA e concerto com GAZUA (power trio Punk Rock de
Lisboa)

Apresentação e leitura de textos da Revista Bíblia (nº27 e 28), espaço de
experimentação nas tendências contemporâneas das artes visuais e da
literatura desde 1996

www.revista-biblia.com/
www.myspace.com/gazua


13 (quinta) a partir das 21.00

Concerto PART TIME KILLERS (Punk-Rock melódico da Finlândia)

www.myspace.com/parttimekiller


15 (sábado) a partir das 17.00

Conversa sobre a situação de António Ferreira de Jesus.

http://libertemferreira.no.sapo.pt

Concerto PAYASOS DOPADOS (punk rock reggae core ska de Badajoz a Évora) +
banda a confirmar?noite dentro punk-hardcore-crust dj's?

Janta vegetariana e bar benefit para projecto editoriais sobre a situação
carcerária em Portugal.

www.myspace.com/payasosdopados3


22 (sábado) a partir das 21.00

Concerto ARTIGO 19 (Punk Acústico do Porto) e MÁRIO O TROVADOR (a viola e
à voz subversiva de Cascais)


29 (Sábado) a parti das 21.00

Concerto O CÃO (guitarras, batidas, noise e rock de Lisboa) + Drum'n'Bass
NSKET (de volta ao Club?)

www.myspace.com/ocao

www.badmood.net


Adiantando? Abril


19 (Sábado) II Festival Anti-Fascista

A partir das 17.00?. apresentação e conversa com o colectivo Acção
Anti-Fascista.

E noite adentro concerto com 5 bandas?

http://www.accaoantifascista.pt.vu/
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Memória Subversiva - vídeo [testemunhos de anarquistas e sindicalistas do primeiro quarto do Séc. XX]

Memória Subversiva - anarquismo e sindicalismo em Portugal 1888 - 1975. Un
filme de José Tavares e Stefanie Zoch. Nas primeiras décadas do século XX
a ideia anarquista e particularmente o sindicalismo anarquista foram uma
força pujante em Portugal.

http://www.brightcove.tv/title.jsp?title=1423436024&channel=219646953
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Comunidade Portuguesa de Ambientalistas
Ring Owner: Poli Etileno Site: Os Ambientalistas
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